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Operador do PMDB receberia US$ 20 mi por dois contratos

REDAÇÃO
22 Novembro 2014 | 05:00

Fernando Baiano, que trabalhava como intermediário nos acordos da Petrobrás, negou, porém, que atuasse para partidos políticos

Por Fausto Macedo e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba
Fernando Baiano faz exame de corpo de delito em Curitiba
O empresário Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de cartel, corrupção e propina na Petrobrás, afirmou à Polícia Federal nesta sexta-feira, 21, que intermediou dois projetos de construção de sondas de perfuração na área da diretoria Internacional e pelos quais receberia US$ 20 milhões, via empresário Julio Gerin Camargo, da empreiteira Toyo Setal. Baiano afirmou, porém, que levou um calote. Nas palavras do executivo, que fez acordo de delação premiada na Operação Lava Jato e também depôs na sexta, a versão é outra: Baiano foi pago junto com o doleiro Alberto Youssef. Foram, disse, US$ 40 milhões em propinas.
A Polícia Federal suspeita que o reduto de ação de Fernando Baiano na Petrobrás era a diretoria Internacional, que foi comandada por Nestor Cerveró, personagem emblemático da compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA, indicado pelo PMDB ao cargo. Baiano dissenesta sexta que suas comissões eram legítimas e negou ser “operador de qualquer partido”.
Em seu acordo de delação, o executivo da Toyo Setal, porém, relatou que, diante do conhecido “bom relacionamento” de Baiano junto à área Internacional da Petrobrás, ele o procurou e “propôs ao mesmo uma parceria para o desenvolvimento” de um projeto de perfuração de águas profundas, em 2005. O papel de Baiano seria a análise sobre a viabilidade técnica e econômica da contratação pela Petrobrás. Segundo Camargo afirmou no depoimento, ele utilizou a Piemonte Empreendimentos, de sua propriedade, e foi indicado por Baiano.
Para reduzir a pena e não ser preso, Camargo decidiu contar o que sabia. Ele afirmou que “antes de ser finalizada a negociação comercial, Fernando Soares reuniu-se com o declarante e disse que ‘precisaria estabelecer os valores’”. O delator disse ter usado três empresas suas para pagar Baiano via Youssef.
Intermediador. Já em seu depoimento à PF, o empresário declarou ter intermediado doação partidária a pedido do doleiro. “Youssef disse que mantinha bons contatos com a Andrade Gutierrez e que a mesma possuía contratos com a Petrobrás, pedindo que fossem feitas gestões junto à mesma para que realizassem doações”, declarou Baiano, que foi ouvido pelos delegados da Lava Jato, em Curitiba.
O operador do PMDB afirmou então que procurou o ex-presidente da empresa, Otávio Marques Azevedo, que respondeu “que a empresa escolheria a quem doar e de forma oficial, dispensando intermediários”.
“Ao comunicar Youssef acerca dessa posição, o mesmo ficou muito nervoso e disse que a Andrade Gutierrez passaria a ter problemas junto aos contratos da Petrobrás”, disse Baiano.
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Prisão. Nesta sexta, o juiz federal Sérgio Moro decidiu manter preso o operador, sustentando que há elementos para apontar “propina para Fernando Baiano”. Além das provas e depoimentos, o juiz considerou “os valores milionários em contas de empresas controladas por Fernando Soares” como “prova suficiente de materialidade e de autoria” para decretar a preventiva do lobista. Ele ainda transcreveu depoimento dos delatores do grupo Toyo/Setal para comprovar o esquema de propina nos projetos da sonda de perfuração.
Pedido. Em seu depoimento, Fernando Baiano declarou que recebeu Youssef no Rio “a pedido” do então diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, réu confesso no esquema. O encontro, segundo Fernando Baiano, ocorreu “logo após a morte do deputado José Janene”. Líder do PP na Câmara, Janene foi réu do mensalão e morreu em 2010. A Polícia Federal atribui a Janene o papel de mentor do esquema da Lava Jato, em parceria com Youssef.
Fernando Baiano, em mais de três horas de depoimento, negou ter pago propina ou ser operador do PMDB. Admitiu que mantém duas contas no paraíso fiscal de Linchenstein, uma em seu nome e outra em nome de sua empresa, Tecnhis Engenharia e Consultoria, ambas as contas “declaradas”.
Em depoimento no dia 8 de agosto, nos autos da Lava Jato, Youssef e Paulo Roberto Costa – delatores do caso – afirmaram que PT, PMDB e PP controlavam diretorias na Petrobrás, por meio das quais arrecadavam propina para partidos e campanhas. Na ocasião, apontaram Fernando Baiano como operador do PMDB por meio da diretoria Internacional.
O PMDB nega relação com Fernando Baiano e com arrecadação irregular de valores.
Em nota, a Andrade Gutierrez nega envolvimento com irregularidades e informa “que não enfrenta ou enfrentou qualquer tipo de dificuldade nos contratos firmados com a Petrobrás”. “Cabe esclarecer ainda que o Sr. Fernando Soares procurou algumas vezes a Andrade Gutierrez para apresentar propostas de associação com grupos estrangeiros que representava no Brasil. No entanto, nenhum tipo de consórcio nesse sentido foi efetivado”, diz a nota.


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