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Encontro do Mercosul, em 17 de julho; analistas dizem que crise brasileira causa inquietude no continente
A crise política e econômica brasileira tem sido acompanhada com preocupação pelos países da América do Sul. O grau de inquietude muda de acordo com a intensidade da relação de cada país da região com o Brasil, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil.
Três motivos justificam a apreensão: a incerteza política; o fato de a Petrobras e empreiteiras investigadas na Lava Jato terem investimentos na região; e os possíveis efeitos da recessão econômica brasileira.
Maior economia regional, o Brasil costuma ser chamado pelos vizinhos de "gigante da América do Sul" - um gigante que tanto pode influenciar sua vizinhança por sua "saúde" ou "por seus problemas".
"Parece que estamos vendo o fim do ciclo" de influência do Brasil em países como Bolívia, Argentina e Venezuela, opinou o analista político e econômico boliviano Javier Gómez, do Centro de Estudos para o Desenvolvimento Trabalhista e Agrário (CEDLA, na sigla em espanhol), em La Paz.
Na Argentina, a maior preocupação atual é com a desvalorização do real, que poderia afetar a economia do país e o comércio bilateral, de acordo com economistas.
Ao mesmo tempo, analistas argentinos estão atentos aos fatos políticos, "como o risco de impeachment" e seu possível efeito nos investimentos internacionais.
Nos países com menor vinculo econômico e comercial com o Brasil, as preocupações são outras. No Chile, a expectativa é se a situação política chegará a comprometer a esperança de que o Brasil se aproximará da Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, Peru e México).
"(A presidente) Dilma enfraquecida afeta interna e externamente", disse o professor de Ciências Política Guillermo Holzmann, da Universidade de Valparaíso.
No Peru, na Colômbia e no Equador, as atenções se voltam sobretudo ao desenrolar das investigações da operação Lava Jato envolvendo as empreiteiras brasileiras com obras milionárias em seus territórios.
Confira as principais preocupações de nossos vizinhos.
Foto: Thinkstock
Na Argentina, maior preocupação é com a desvalorização do real e seus efeitos no comércio bilateral

Argentina

Em função dos fortes vínculos econômicos e comerciais com a Argentina, o Brasil tem sido citado nas conversas de políticos e empresários argentinos que temem que a crise política complique ainda mais o governo de Dilma Rousseff e que a desvalorização do real afete a economia vizinha.
Nos últimos dias, a Lava Jato e os possíveis efeitos cambiais têm sido destaque na imprensa argentina.
"O Brasil preocupa muito. Primeiro pela recessão, porque um Brasil que retrocede afeta diretamente a Argentina", disse o economista Marcelo Elizondo, da consultoria econômica DNI, de Buenos Aires. Segundo ele, 50% das exportações industriais argentinas são enviadas ao Brasil e a retração econômica brasileira significa menos compras externas.
Além disso, a desvalorização do real torna os produtos argentinos mais caros ao mercado brasileiro.
"Em relação ao âmbito político, existe inquietude entre setores empresariais daqui porque o governo brasileiro realiza reformas econômicas que perdem vigor em função da crise política", disse.
Nos bastidores de alguns setores políticos e entre analistas comenta-se em Buenos Aires que, se a crise política brasileira continuar, pode "ter eco" na política da Argentina, que elege o sucessor de Cristina Kirchner em outubro.
"O próximo governo (argentino) não terá o poder que tem o de Cristina. E se o risco de impeachment de Dilma aumentar, poderá ter eco aqui", disse um dos analistas, pedindo anonimato. "Um Brasil fraco não é bom para a Argentina. Investidores que esperam o novo governo para investir, pensando em exportar ao Brasil a partir do ano que vem, podem acabar revendo seus planos, infelizmente."

Bolívia

A Bolívia tem percebido três efeitos econômicos ligados ao Brasil, segundo o analista político e econômico Javier Gómez, da CEDLA: "Retração nos investimentos da Petrobras no país, desvalorização do real (o que facilita as importações de produtos brasileiros já realizadas pelo país andino) e a queda no preço do gás exportado para o Brasil, em função do recuo do preço internacional do petróleo".
Crise coloca em xeque a atuação da Petrobras na exploração de combustíveis na Bolívia (acima)
Porém, o que tem intrigado analistas bolivianos é a política brasileira. "Nos últimos anos, o Brasil foi um modelo (político, econômico e social) que influenciou outros países como a Bolívia, a Argentina e a Venezuela. Mas parece que estamos vendo o fim desse ciclo", disse Gómez.
Quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência, em 2003, foram intensificadas as viagens presidenciais aos países da América do Sul – o que não ocorreu na gestão Dilma. Nas viagens de Lula, principalmente, foram anunciados diferentes acordos bilaterais e regionais e obras de empreiteiras brasileiras na região.
O período coincidiu ainda com a maior presença da Petrobras na região, incluindo na Bolívia.
"As coisas estão mudando. A Petrobras tem o direito de produzir 70% da produção do gás do país, mas, com os investimentos da empresa estancados, o país já busca outros parceiros", agregou Gómez.

Chile

No Chile, analistas entendem que o quadro atual da política e da economia brasileira preocupa não somente a América do Sul, mas "ao mundo", afirmou por e-mail o professor de Ciências Política da Universidade de Valparaíso, Guillermo Holzmann.
"O impacto (no Chile) do quadro atual brasileiro parece mínimo devido ao contexto (de recuo) na China e (crise) na Grécia, mas sem dúvida é um caso de preocupação mundial", afirmou.
Segundo ele, a principal preocupação no Chile hoje é que a situação no Brasil "afete os planos de incorporação (do país) na Aliança do Pacífico e aos investimentos ligados às exportações (brasileiras) através de portos chilenos para o Pacífico".
Outro analista chileno, Ricardo Israel, da Universidade Autônoma do Chile, foi mais direto ao dizer que o quadro atual mostra novamente o "Brasil como o eterno país do futuro".
"Quando parece que vai decolar como potência e chegar ao desenvolvimento, algo acontece. Normalmente uma ferida autoprovocada que o faz retroceder."

Peru, Equador e Colômbia

Empreiteiras brasileiras investigadas na Lava Jato têm diferentes projetos nesses três países. Os empreendimentos incluem obras de infraestrutura, irrigação e mineração, entre outros.
Empreiteiras como a Odebrecht têm contratos de obras em países da região
No Peru, muitos dos acordos foram assinados nos governos de Alejandro Toledo (2001-2006) e Alan García (presidente pela última vez entre 2006 e 2011).
Os dois planejariam ser candidatos à sucessão do atual presidente Ollanta Humala, em 2016, e especula-se que, dependendo do andar das investigações da Lava Jato no Brasil, a operação poderia "atingir a campanha presidencial" e operações anticorrupção semelhantes no Peru.
Especialista em Economia, o professor da Universidade de San Marco, Carlos Aquino, disse que em termos econômicos a crise brasileira não afetaria os peruanos. Quando perguntado sobre as empreiteiras disse que "até agora são especulações".
Na Colômbia, segundo o jornal El Tiempo, o governo estaria "ativando os controles" para evitar problemas nos contratos assinados com a Odebrecht. "O vice-presidente Germán Vargas Lleras disse que o estatuto anticorrupção prevê que qualquer condenação internacional em termos de subornos inabilitará uma empresa por 20 anos para contratos com o Estado", informou.

Paraguai e Uruguai

Nos dois menores países do Mercosul, a crise brasileira também tem sido destaque diário na imprensa e tema nas conversas de autoridades locais.
No entanto, no caso do Paraguai, o analista político e econômico Fernando Masi, do Centro de Análise e Difusão da Economia Paraguaia, disse que a percepção é que o Brasil vai sair "rápido" da crise por ter "poder político" e "instituições fortes". Ele admitiu, porém, que o Paraguai deverá crescer menos que o esperado neste ano, em função da recessão brasileira.

Venezuela

Por estar tão atolada em sua própria crise, a Venezuela tem olhado pouco para o que acontece no Brasil, segundo o analista venezuelano Luis Vicente León, da consultoria Datanalisis, de Caracas.
"São tantos problemas aqui que o Brasil tem surgido de forma muito paralela em algumas conversas, mas não é o que preocupa nesse momento", disse.
Segundo ele, além das incertezas no governo de Nicolás Maduro, existe preocupação com a queda no preço internacional do petróleo – essencial para o país.
"Lula foi muito próximo de Chávez e Dilma é muito cordial com Maduro, mas hoje Cuba tem maior influência aqui do que o Brasil", disse.
Segundo ele, porém, a oposição venezuelana poderia chegar a incluir os casos de corrupção envolvendo empreiteiras brasileiras na campanha para a eleição legislativa de dezembro.

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