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A cada denúncia e a cada tentativa de criar condições para encurtar o seu mandato, a presidente Dilma se distancia mais e mais do que prometeu na campanha eleitoral e vai consolidando um divórcio com a base social que sustentou três governos do seu partido.
No que pesa o esforço para recuperar a confiança da elite – vide concessões programáticas e a política de austeridade comandada por um representante dos grandes bancos privados – a possiblidade de não terminar o mandato continua presente. Apenas mais recentemente começou a ser costurado um novo acordão na política brasileira.

O primeiro sinal veio do empresariado representado pelas duas federações mais poderosas do setor – Firjan e Fiesp – preocupado com a recessão, com a diminuição consequente dos seus lucros, com a paralisia de obras federais na esteira da condenação de grandes empreiteiras e com os exageros de Eduardo Cunha na votação de medidas que detonam o ajuste fiscal pelo viés do aumento dos gastos públicos. O segundo sinal veio, na mesma direção, em um editorial da Rede Globo.
O governo petista decidiu então – temendo o crescimento de manifestações conservadoras unificadas na reivindicação do impeachment e amargando o fundo do poço na avaliação do segundo mandato de Dilma ­– aprofundar a terceirização do combalido governo, numa estratégia para dar mais e mais para a elite econômica em troca da permanência no cargo. É o desfecho do estelionato eleitoral iniciado em novembro, na época da montagem dos ministérios e do anúncio das primeiras medidas de ajuste fiscal.
Foi atraído para essa estratégia um político também investigado pela Operação Lava Jato, mas com maior credibilidade no seio da elite e com menos vocação para aventuras. O presidente do Senado, Renan Calheiros, passa a ser peça-chave dessa estratégia. A mesma consiste em pactuar (governo, Senado e elite econômica) mudanças legais que abram novas frentes de lucratividade para o empresariado, agradem seus diversos setores e sinalizem que, mesmo ficando no governo, o petismo completaria o ciclo de transmutação e se afastaria de qualquer arroubo de defesa das parcas conquistas do período Lula. Renegariam tais conquistas como Judas em tempos idos, mas em vez de 30 moedas, teriam que pagar alto pedágio para se arrastar até o final do mandato.
A Agenda Brasil nada mais é do que a materialização das concessões para que Dilma fique no cargo, mesmo que cada vez governe menos. Na essência, é um pacote de medidas direcionadas para dar "segurança jurídica" e mais facilidades para investimentos privados em áreas públicas. Isso aparece como "blindar as legislações de contratos contra surpresas e mudanças repentinas" e como aperfeiçoamento do "marco regulatório das concessões, para ampliar investimentos em infraestrutura".
Também apresenta enormes concessões a ruralistas, planos de saúde, enfraquece o controle ambiental das grandes obras, avança sobre terras indígenas e anuncia mais maldades contra os servidores públicos, com destaque para o aumento da idade mínima de aposentadoria.
A pauta conservadora – em sua versão mais ampliada –, que vinha sendo mitigada nos 12 anos do petismo, será totalmente liberada para se consolidar. De certa forma é uma injustiça com Aécio Neves, posto que terá um governo seu sem sua presença. Algo muito mais trágico do que cômico.
Saída à esquerda
Não é a primeira vez que a elite opta por acordos para evitar possíveis rupturas. Sempre essa opção esteve direcionada a evitar o risco de saídas fora da ordem vigente. As fortes tensões sociais vivenciadas na Europa após alguns anos de implementação de forte política de austeridade e o aparecimento de forças políticas mais à esquerda assustam a elite tupiniquim.
Nunca na história recente de nosso país foi tão necessário apontar saídas diferentes das escolhidas. A classe média que foi às ruas para se livrar do PT não abraçou tal projeto, pelo contrário, seus líderes são defensores de mais austeridade. Sonham em se livrar do PT, mesmo que para continuar com os mesmos males de corrupção e de queda de seu poder aquisitivo.
Cabe aos trabalhadores da cidade e do campo, aos setores progressistas e aos movimentos sociais que preservaram autonomia em relação ao desastre e à falência do petismo começarem a gestar uma alternativa política de esquerda para a crise.
Uma saída à esquerda passa por auditar a dívida pública, por direcionar o fundo público para atividades produtivas, especialmente aquelas que geram empregos e melhoram as condições de existência de milhões de brasileiros. Significa erguer um projeto de nação, soberano e ancorado na garantia de um padrão socioeconômico, cultural e educacional que foi abandonado pela nossa elite. O petismo há muito tempo abdicou de tentar esse caminho e no momento somente pensa em sobreviver ao seu desastre.
O PSOL, combativo e coerente, quer participar desse esforço, o qual dependerá da disposição de luta de milhões que não concordam com o ajuste fiscal, com a perda de direitos e querem reconstruir o sonho de mudança social em nosso país.
Luiz Araújo

Luiz Araújo

Especial para o UOL

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